Foto: https://www.camararosariodosul.rs.gov.br/
MARA REGINA MIRANDA DE SOUZA
( Brasil – RIO GRANDE DO SUL )
Professora estadual, é natural do município de Rosário do Sul. Licenciada em Estudos Sociais; Pós-graduada em Psicopedagogia com Abordagem Escolar pela URCAMP – Campus universitário de Alegrete. Vem atuando em nome da preservação da cultura de Rosário do Sul. Em 1995, foi laureada com o Troféu Mulheres de Expressão na área da cultura. Durante seis anos ocupou o cargo de Secretária Municipal de Educação e Cultura de sua cidade recebendo, em 2001, Diploma Destaque de Secretária Municipal Mais Atuante. A ela foi concedido Troféu Destaque ”Cultura, História e Projetos culturais” no ano de 2003.
É autora e coordenadora do Projeto “Memória Reunida – Respeito ao futuro”, aprovado pela Lei Municipal no. 2.4214/03, organizou a obra Rosário do Sul através do tempo – Apontamentos de Mário Ortiz de Vasconcellos lançada em 2004. Em 2006, foi patrona da 25ª. Feira Municipal do Livro de Rosário do Sul. Mara também é Membro da Academia de Letras dos Municípios do Rio Grande do Sul, cadeira no. 30, tendo como patrono José Narciso da Silva Antunes.
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BERNY, Rossyr, org. Poetas pela Paz e Justiça Social. Coletânea Literária. Vol. II. Porto Alegre: Alcance, 2010. 208 p. ISBN 978-85-7592-098-5
Ex. biblioteca de Antonio Miranda – doação do amigo (livreiro) Brito – DF. No. 10 249
Importante: existem mais poemas do que os apresentamos aqui, neste livro tão bem apresentado, vale a pena conferir...
Calhandras choronas
Meninos pedintes
Que mendigam nas esquinas
Andantes com fome sem guarida
São pássaros
Em dias de tempestades
Na pátria minha ferida
Lembro das crianças
De Acosta Ñu, de Guernica
E de toda Falluja
Pavor medo mutilação
Estupro, abandono
Orfandade e desolação.
Mundo cão mundo de Deus
Mundo nosso incertezas
Nos casebres e becos
Sangue morte certezas
Nas praças das cidades
Observo o menino
Pássaro canoro rouxinol americano
Inquieto cheio de ilusões
Abrindo cancelas
Assobia uma coplita campeira
Companheira da dor
De todas as fronteiras
Calhandras choronas
Nas ruas do mundo
Os pobres meninos pedintes
Estão sedentos
Sedentos de paz.
Pelas frinchas
Conhecer-te
Foi receber campo fértil
Canhadas e coxilhas
Cheiro do mato
E o pássaro cantor
No entardecer
Encontrar-te
É sentir a paisagem
(no teu corpo)
Onde abrigo desejos
e encontro mil razões
Para o amanhecer
Pampa estação
Seu pouso para pássaro raro
Bem-te-vi-amor
Boca sedenta
Sou pipa vazia
A caminho da cacimba
Rancho à espera
Sou aconchego
Alma libertária
presa
A espiar
Pelas frinchas do tempo.
Simplesmente
Chegas devagarinho
De mansinho
Tão sutil
Despertas sem mim
A mulher adormecida,
Simples e ilimitada
Que posso ser
Partes devagarinho
Tal como chegaste
Eu ali, trêmula
Forte, abundante
E tão só
Sutilmente
Simplesmente mulher.
Taperas dentro de mim
(Memórias de 23)
No esplendor da mística Serra
Ali, no arroio também de Caverá.
Onde não encontrei cervo berá
Banhei-me nas lágrimas vertidas
Do amor de Ponain por Camaco.
No coração da serra o Cerro de Frente
Cenário bucólico de invernal enfeite
No velho cemitério e nas cercas de pedra
Vislumbrei trincheiras manchadas
Do sangue rubro de fraternos irmãos.
Andei e andei por estradas adormecidas
Por encostas e cimos rasos e aparados
Campos cobertos de passagens heroicas
Esquecidas e tristes estórias ainda não contadas.
Procurei por casarões brancos, ranchos e
galpões.
Perdida, transida de frio, gritando, o Oh de casa!
E só encontrei grotões e taperas.
— Taperas dentro de mim.
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Página publicada em maio de 2025.
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